por Léo Soares
Mundialmente, o ciclismo é um esporte grandioso: o 2º maior público televisivo do mundo é de provas de ciclismo. O maior público ao vivo do mundo é de uma prova de ciclismo, o Tour de France. No Brasil entretanto, ainda é um ilustre desconhecido do grande público.
O ciclismo, que teve seu nascedouro e desenvolvimento na Europa, é um esporte bastante complexo.
Assim como o futebol, o ciclismo de estrada ou circuito é um esporte coletivo cheio de possibilidades e, nem sempre, vence o mais forte. Posicionamento, conjunto dos talentos de uma equipe, estratégia, disciplina de corrida, sorte e força mental muitas vezes são tão ou mais decisivos quanto a capacidade de pedalar uma bicicleta em velocidade.
Os programas de comentaristas após as etapas do Tour de France chegam a durar 4 horas. São como as mesas redondas brasileiras comentando os jogos da Copa do Mundo. Discutem cada aspecto da estratégia e do desenrolar das etapas.
Já o contra-relógio ou mesmo o mountain bike é muito mais simples: ganha o mais veloz. É como comparar o jogo de dama com o xadrez.
Os torcedores europeus, sendo os italianos o melhor exemplo, conhecem os ciclistas em seus mínimos detalhes. Exatamente como os brasileiros conhecem os craques de seus clubes: características físicas e psicológicas, carreira, vitórias e até mesmo sua vida pessoal. Eles analisam equipes e as estratégias possíveis para cada grande corrida. Na Itália, matérias inteiras de jornais e revistas se dedicam a isso. Os campeões italianos, assim como os craques brasileiros, frequentam programas de celebridades, tem residência fiscal em Mônaco e são tratados como estrelas em suas cidades.
A estrutura do ciclismo na Europa tem a forma de pirâmide onde os talentos são escolhidos ainda muito jovens, às vezes com menos de 10 anos de idade e são acompanhados de perto até os 23 anos, idade considerada máxima, em geral, para um ciclista demonstrar se tem ou não tem talento para virar profissional. O ápice do atleta ocorre em geral entre os 30 e 34 anos.
Lance Armstrong, impulsionado pela cultura de culto à personalidade e PIB americanos, foi o primeiro ciclista super-star e global. Ganhou o Tour de France sete vezes e por anos foi um dos cinco atletas mais bem pagos do planeta, superando em muito todos os jogadores de futebol. Apenas no ano de 2005, Armstrong faturou U$ 25 milhões. Atualmente, um ciclista profissional das 20 maiores equipes mundial ganha em média 300.000 euros anuais.
Apenas dois brasileiros, Luciano Pagliarini e Murilo Fischer são profissionais da elite mundial.
Enquanto o Brasil, na America Latina, é líder em Futebol, Basquete, Volei, Ginástica Olímpica, Natação, Atletismo, Taekwondo, Judô e quase tudo, quando falamos em ciclismo ele está em 50 ou 60 lugar.
Abraão Azevedo, ciclista brasiliense é uma exceção notável de nosso esporte, tendo vencido um Campeonato Panamericano para o Brasil, país que ainda tem resultados pífios no ciclismo mundial e mesmo na América Latina.
AUTOR: Leonardo Soares. Empresário e o amor ao esporte o transformou também em co-fundador do site Ciclismo Brasil, referência nacional. Até os 24 anos, correu no MTB e, em 2006, após 8 anos de dedicação exclusiva ao trabalho, voltou a pedalar. Descobriu-se no speed e é hoje reconhecido na categoria máster da cidade como um bom “chegador”. A paixão pelo esporte faz com que dedique boa parte de seu tempo livre à promoção do ciclismo em Brasília.
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